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e se inquietar com o estado de saúde de sua mãe, Anninha Galli Oppitz (84). Passados oito anos desde que a Doença de Alzheimer começou a se manifestar em Anninha, os sentimentos de Mariela, no entanto, mudaram bastante. O que no início gerou, para a filha, uma situação de negação do que estava acontecendo com a mãe, transformou-se em resiliência, em aceitação do irremediável e na necessidade de arregaçar as mangas.
“Meus irmãos e eu vimos que a nossa mãe, com o passar do tempo, passou a estar na nossa frente mas não estava mais ali”, Mariela faz o jogo de palavras. Restava reorganizar a vida de todos, (inclusive do pai, depois falecido) para que aquela mulher, até os 76 anos extremamente dinâmica, organizada, solucionadora de problemas e com uma vida dedicada à Educação e à família, passasse a ter um cotidiano plenamente assistido e digno.
Como a velhice dos pais, por si só, faz chegar aos filhos a hora de inverter os papéis, mudando a ordem “quem cuida de quem”, quando ela vem associada a problemas físicos e mentais os cuidados são redobrados, como os que, nesses oito anos, caracterizam o engajamento total de Mariela e os irmãos Ricardo e Andressa, além de cuidadoras que tratam Dona Anninha como mãe. “Mas o tempo que a gente vai cuidar deles é infinitamente menor que o tempo que eles dedicaram à gente”, diz Mariela.
O LIVRO
Viver sem Saber é o resultado de mais de cinco anos de observações de Mariela Sorgetz sobre a progressão da Doença de Alzheimer em um ente querido e de como, de certa forma, toda a família acaba padecendo. Mas não imaginem o livro como um relato triste. O talento da autora nos entrega uma obra que mescla as agruras da doença, se abatendo sobre uma pessoa que absolutamente não a merecia, com pitadas de humor e muita ternura. Este colunista reconhece, no livro, algumas atitudes de Dona Anninha que a sua mãe também protagonizou, mas com uma diferença de 20 anos a mais.
História de vida e homenagem a uma mulher guerreira, Viver sem Saber também pode ser lido como um pequeno guia para auxiliar as famílias em situação semelhante e para servir de alerta quanto à necessidade de ação, uma vez detectados os sintomas na fase leve, para ao menos retardar os efeitos da demência para a qual ainda não há cura.
Mariela doou seus direitos autorais para entidades que cuidam de pessoas com Doença de Alzheimer.
CONFIRA A PUBLICAÇÃO NA ÍNTEGRA: https://www.jornalnovaepoca.com/artigo/se-falta-lucidez-sobra-amor
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